Qual é, jacaré?

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Quem nunca chegou ao fim do dia frustrado porque, apesar de cansado, não conseguiu fazer nada do que tinha planejado?

São pequenas coisas que vão absorvendo o tempo que deveria ser dedicado ao cumprimento de nossos planos e, quando nos damos conta, apesar de ocupados o tempo todo, sentimos como se não tivéssemos feito nada. O pior é quando um dia vai emendando no outro e os problemas não param de crescer.

Os textos abaixo partem de uma analogia simples, porém bastante didática, sobre o assunto. Segundo eles, a culpa é do “jacaré”…

O jacaré do nosso dia-a-dia

Autor desconhecido, divulgado por Teresa Fonseca T.*

Quem ouviu a frase num Congresso de Tecnologia da Informação em Los Angeles, lá pelo final dos anos 70, nunca mais esqueceu (eu não estava lá). A frase era assim: Se você tem um jacaré a lhe morder as pernas, a tendência natural é esquecer que seu objetivo principal era drenar o pântano.

A metáfora é muito poderosa. É claro que você, que recebeu a missão de drenar o pântano, ao entrar nele e ser mordido por um jacaré imediatamente esquecerá tudo e se focará em matar o maldito jacaré.

Esse jacaré é o nosso dia-a-dia. Esse jacaré representa o nosso agir sem planejar, sem parar para pensar, o famoso engatar uma coisa na outra.

Relembre o seu último dia de trabalho. Dirigindo no trânsito, você fez os planos do dia, organizou a agenda, planejou o tempo a ser distribuído de acordo com suas prioridades. Aproveitando o congestionamento, fez até uma lista usando uma folha do caderno que seu filho esqueceu no carro. Acabou de estacionar e do seu lado outro gerente diz: Não se esqueça do relatório que você me prometeu para hoje!. Pronto, o primeiro jacaré te pegou!

Aí é vapt, vupt, paulada no jacaré, e você consegue chegar na sua sala. Mal sentou, toca o telefone! O chefe!! Você viu os resultados das vendas de ontem? Você tem que ir lá na filial falar com o supervisor!. Pronto. O segundo jacaré te pegou e esse tem a boca grande!

De novo paulada para todo lado e você tenta voltar ao plano
original, quando entra na sua sala um subordinado que acaba de receber uma proposta com 25% de aumento no fixo e 50% de aumento no variável. Jacarezão de boca aberta, e esse é dos cascudos. Senta, conversa, argumenta, discute, se emociona e a dor da mordida você já nem sente. Consegue adiar a decisão dele até você falar com o RH.

Você olha para a lista, aquela feita no caderno do seu filho, já são quase duas horas da tarde e você nem almoçou. Come uma barrinha de cereal e abre o e-mail. Pulam dois jacarés filhotes, dessa vez querendo morder a sua mão.

Trinta e sete e-mails! Alguns com horário da madrugada. E você pensa que jacaré dorme? Jacaré competente manda e-mail à 1h37 e ainda fala que vai trabalhar mais um pouco.

Ao fim do dia, exausto, faminto, sem ter conseguido tomar um café! Você olha a sua lista de prioridades e se sente um lixo! O que é que eu fiz hoje?? Nem o primeiro item!

E como sair dessa? Trabalhando incansavelmente o conceito de prioridade.

As suas prioridades são aquelas relacionadas com suas metas, são as tarefas que somam valor, são as que são significativas e claramente percebidas pelos clientes. Não confunda os conceitos de urgente e importante. A urgência é temporal, tem a ver com a cronologia das coisas, e a importância tem a ver com contexto e conteúdo.

Trabalhe suas prioridades. Essas sim reúnem o melhor da urgência e da importância, pois foram planejadas por você e de acordo com suas metas e objetivos.

No final você vai ser mesmo avaliado é pela drenagem do pântano.

Não se deixe iludir pelo fato de, hoje, você conseguir matar três ou quatro jacarés por dia.

* Consultora de Recursos Humanos (perfil no Linkedin).

O texto a seguir aborda o mesmo assunto pelo enfoque do planejamento. Achei bastante curioso o trecho que explica que o planejamento não é feito para dar certo, mas sim para testar antecipadamente todas as hipóteses. Em muitas organizações, o planejamento serve apenas para definir o objetivo a ser atingido e as metas a serem alcançadas para atingí-lo. Não prevê alternativas, não tem esse papel de “exercício de previsibilidade”, o que é um desperdício de uma boa ferramenta.

Cuidado com o jacaré

por Luiz Carlos de Queirós Cabrera*

Como lidar com as tarefas (e pessoas) que ficam no seu pé só para tirar o seu foco.

Estou muito impressionado com o número de profissionais, de todas as idades, que me contam estar preocupados com sua performance.

Nós todos sabemos que, depois das reengenharias, “downzisings” e outros processos chamados de modernização organizacional, as pessoas estão com uma carga de trabalho que beira o limite físico. Por outro lado, a constante busca de ferramentas modernas, como os sistemas integrados de gestão, procura facilitar a rotina diária, mas, na verdade, está criando mais tensão, até essas ferramentas estarem perfeitamente implantadas. Tudo isso afeta a performance, fora o fato que hoje a competitividade exige tudo mais rápido, mais perfeito e mais barato.

No entanto, quando estou entrevistando profissionais durante os processos de seleção que conduzo, tenho notado que existe um inimigo maior ainda, que afasta as pessoas da tão sonhada alta performance. É o jacaré. Deixe-me explicar: muitos anos atrás, ouvi numa aula do professor Larry Greiner, da University of Southern California, a seguinte frase: Se você tem um jacaré a lhe morder a perna, a tendência é esquecer que sua tarefa principal era drenar o pântano.

Realmente, nessa hora a sobrevivência fala mais alto. Você entra no pântano, cheio de vontade de executar a tarefa de drená-lo. Aí, o jacaré morde a sua perna. E você vai querer matar o jacaré, claro. O pântano que espere.

O jacaré desta história é o nosso dia-a-dia. É a rotina que lhe ataca de manhã e que impede que você faça todas as tarefas que planejou para o dia. E ao final, exausto, você olha a pilha de jacarés mortos e é cobrado, pelo seu chefe, pelo pântano que não drenou. Saber enfrentar a rotina é uma tarefa fundamental para quem quer ter alta performance. Evitar o jacaré é planejar melhor, é testar todas as hipóteses, é prever os desvios e inconsistências. O jacaré detesta planejamento. Ele anda pela empresa com sua casca grossa, rabo comprido e braços curtos dizendo que planejamento não serve para nada, que nunca dá certo, que é um jogo de adivinhação. Tudo mentira.

O jacaré morre de medo do PLANEJAMENTO, que, quando bem-feito, é um exercício de previsibilidade. E que não é feito para dar certo, mas sim para testar antecipadamente todas as hipóteses. Olhe bem a sua volta. Os jacarés estão por todos os lugares, com sua fala mansa e andar desengonçado. E, se você bobear, um deles ataca: Cadê a cópia do relatório A45 que você ficou de me mandar?. Pronto, ele mordeu sua perna! Agora vai ter de matar este… e lá se vão quase duas horas do dia. Fique atento. Planeje bem o seu dia.

Exercite o planejamento, pratique o exercício da previsibilidade, ou você vai se tornar um especialista em matar jacarés. E o duro desta vida é que o reconhecimento, as oportunidades e as recompensas só virão para os que drenarem o pântano. Vade retro, jacaré.

* Professor da Eaesp-FGV, diretor da PMC Consultores e membro do Executive Board da Amrop Hever Group.

Eu deveria ter entregado, hoje, o projeto para o processo de seleção de um doutorado. Tive quase três semanas mas, devido a várias razões, não escrevi nada! Parece que o jacaré me pegou…

Atualização: corrigida a autoria do primeiro texto.

Um comentário sobre “Qual é, jacaré?

  1. Jacaré pega a gente todo dia.

    Não sei se já te disse, mas uma jacaroa mandou um e-mail para mim, de trabalho, claro, às 21h30 de um domingo. Ou seja, ela nem Fantástico (vade retro também!) vê.

    E,
    num 02 de novembro, dia de finados, portanto feriado, ela mesma me manda outro, às 9 e 30 da manhã. Ou seja, nem defunto ela tem pra rezar?

    Xô, jacaré! Xô, jacaroa!

    abs,

    José Rosa.

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