Recentemente, tive que escolher uma escola primária. Rapaz, isso é muito mais difícil do que parece!
Os requisitos básicos, em minha humilde opinião, são:
- Não é legal, para a criança, ficar mudando todo ano, então a escola deve abrigar o aluno até o fim do
segundo grauEnsino Médio. - Deve ter um bom índice de aprovação no vestibular, mas não concordo com o “estilo cursinho”. O aluno deve ter educação completa: se ele aprender, passar no vestibular será conseqüência. Portanto, prefiro as que adotam livros em lugar de módulos, que são mais limitados.
- Deve ter métodos de ensino que estimulem o aprendizado. Ou seja, deve desafiar o aluno, qualquer que seja sua capacidade de aprendizagem.
- Deve ser agradável: o aluno deve ter vontade de ir para escola.
- Deve ser respeitável: o aluno deve ter orgulho da sua escola.
- Deve dar disciplina para o aluno, mas não deve tolhê-lo ou ser ditatorial.
- Deve oferecer segurança. Precisamos ficar tranqüilos ao deixar nossas crianças lá.
- Deve ser perto de casa, tanto para os “leva-e-traz” que, inevitavelmente, surgirão, quanto para cumprir, com facilidade o horário de chegada.
- Deve ter um preço acessível (claro!).
Depois de esquentar o juízo por alguns meses, minha esposa e eu decidimos por um colégio. Após qualquer grande decisão, sempre fica uma pequena pulga atrás da orelha. Por isso, quando recebi o texto abaixo de minha cunhada (valeu, Ana Paula!), fiquei muito mais tranqüilo! Nossa escolha parece ter sido acertada!
Fica, então, o texto para outros que estejam passando pela mesma situação:
Como avaliar as escolas
Por Camila Antunes (Revista Veja, ed. 1985, 6/12/2006)
Especialistas em educação destacam o que os pais devem considerar nas visitas às escolas candidatas a receber seus filhos.
A maior parte dos estudos demonstra que o que mais faz diferença no desempenho acadêmico de um aluno não é a escola que ele freqüenta, mas o nível socioeconômico dos pais e dos alunos que compõem a sala. Explica-se: as crianças que têm o hábito de ler e observar os pais em trabalhos intelectuais – em geral as mais ricas – chegam à sala de aula mais preparadas do que outras que vivem num ambiente sem estímulos ao estudo. É esse o argumento que justifica o esforço de pagar a mensalidade de uma escola particular. “Alunos de colégios privados aprendem a ler e escrever quase por
osmose”, diz o economista Gustavo Ioschpe, especialista em educação.Feita essa opção, o maior desafio é encontrar um colégio cuja proposta de ensino mais se aproxime dos anseios dos pais. Se o objetivo é preparar a criança para viver no exterior, uma escola bilíngüe oferecerá o melhor resultado. Se os pais valorizam a tradição, provavelmente escolherão um colégio religioso. Há escolas que dão ênfase às artes e aos esportes. Na reportagem a seguir, pais e especialistas em educação (que também são pais ou mães e já se viram nessa tarefa de escolher onde matricular seus filhos) destacam as características de uma escola que julgam fundamentais. Em geral vale mais o bom professor do que a estrutura invejável.
![]()
Na opinião de Claudia Costin, vice-presidente da Fundação Victor Civita, ex-ministra da Administração Federal e ex-secretária de Cultura do Estado de São PauloÉ fundamental…
- …que a escola enfatize a leitura e recomende ao menos um livro não didático por mês. “Repare se há um canto com livros na sala de aula e se há alunos na biblioteca”, diz Cláudia.
- …saber se os professores ficam na escola além do período de aula. O tempo extra deve ser usado para preparar aulas, corrigir tarefas e tirar dúvidas de alunos e pais. “Esse é um indicador de que a escola se preocupa com seus professores e incentiva o diálogo”, diz.
Não se impressione com…
- …o rótulo dado ao método de ensino. “Na prática, o bom ensino depende mais da formação do professor do que do método sugerido pela escola – seja ele tradicional, seja construtivista”, afirma.
![]()
Na opinião de Ryon Braga, presidente da consultoria educacional Hoper
É fundamental…
- …que a escola prepare a criança para ter uma visão globalizada. “Considero as melhores escolas particulares aquelas que ensinam línguas estrangeiras e vão além, promovendo feiras culturais e viagens de intercâmbio”, diz Braga.
- …saber quantas horas por ano os professores freqüentam cursos de capacitação. O recomendável é que sejam pelo menos 32 horas. “Abaixo disso, não se pode esperar que um professor desenvolva projetos inovadores”, avalia.
Não se impressione com…
- …o laboratório de informática. “O importante é que o computador tenha uso pedagógico. Em algumas escolas as crianças simplesmente ficam livres para navegar na internet”, diz.
![]()
Na opinião de João Batista de Oliveira, consultor e ex-secretário executivo do Ministério da Educação
É fundamental…
- …ler o programa de ensino da série em que vai matricular o filho. “Assim o pai sabe que resultado esperar. Se o texto do programa não for claro ou tiver linguagem muito rebuscada, é bom desconfiar”, alerta Oliveira.
- …saber qual a rotatividade dos professores e principalmente do diretor. “Se a escola muda de diretor a cada dois anos, é sinal de que há problemas de clima no ambiente de trabalho e isso pode se refletir no ensino”, diz.
Não se impressione com…
- …o website da escola. “O pai precisa observar o funcionamento do colégio pessoalmente, verificando como são as aulas e o recreio”, aconselha.
![]()
Na opinião de Claudio de Moura Castro, economista e especialista em educação
É fundamental…
- …saber a quantidade diária de tarefa de casa. “O aluno deve estudar sozinho entre uma e duas horas por dia para compensar o fato de a maioria das escolas brasileiras não ter período integral”, diz Moura Castro.
- …informar-se sobre a média da escola no Enem e sobre o índice de aprovação no vestibular. “Geralmente uma escola que tem um 2º grau forte também tem um ensino fundamental de boa qualidade”, afirma.
Não se impressione com…
- …o tamanho do pátio ou do ginásio de esportes. “Observe se a escola é limpa e está bem arrumada: é o que importa. Outras amenidades fazem o lugar ser mais aconchegante, mas não são indicativos de um bom ensino”, explica.
Uma escolha criteriosa
A psicóloga paulistana Selma Cocarelli e seu marido, Sérgio, desenvolveram um método para definir em que escola matricular o filho, Sérgio, de 4 anos. Ei-lo:
- Conversar com os amigos e buscar referências das escolas de sua preferência, em função da proximidade de casa e do preço da mensalidade.
- Visitar as escolas pré-selecionadas e pedir para observá-las em dois momentos: durante a aula e no recreio, para notar como os professores cuidam da disciplina nas duas situações.
- Perguntar quando é a próxima festa ou feira de ciências. “É uma forma de saber como a escola complementa o ensino em aula”, diz Selma.
- Pedir para ver o trabalho de um aluno considerado o melhor da classe e de outro que tire notas baixas.” Esse era meu gancho para perguntar como os professores lidavam com a diferença entre eles. Se conseguiam estimular os mais fortes e ajudar os mais fracos”, explica.
- Perguntar como os professores resolvem problemas de disciplina. “A escola que escolhi mantém um psicólogo só para esses casos”, conta Selma.
Tá vendo que nem sempre critico a Veja?
Copyright © 2006-2022 jlcarneiro.com.